sexta-feira, 15 de junho de 2007

RELATE-SE SEU CASO DE DIFICULDADE EM LEITURA, ESCRITA E ORTOGRAFIA



dislexia disgrafia disortografia


Estimados amigos internautas, alunos e colegas na área de Lingüística, Pedagogia e Psicopedagogia:


DISPONIBILIDADE PARA VIAGENS
Para contatos acadêmicos, profissionais e convites para participação em congressos, seminários e jornadas na área educacional e lingüística, entrar em contato através dos seguintes fones:
085 - 32915271 ou


FORMAS DE CONTATO
Na UVA, ligar para 088-3611-6669.
Celular: 9911-0892.


O e-mail é o contato mais imediato (aconselhável):
vicente.martins@uol.com.br

No caso da mensagem eletrônica, sempre detalhar a solicitação de informação ou contato.



RELATO DE DIFICULDADES



No caso de relato de dificuldades específicas de linguagem (dislexia, disgrafia e disortografia), para ser comentado pelo professor Vicente Martins, é solicitado ao interessado informar idade, nível de instrução, cidade e principais queixas de pais, professores e alunos sobre o desempenho leitor, escritor ou ortográfico.


a) Qual sua idade, série ou ano do nível de educação básica em que estuda?


b) Durante a leitura em voz alta, o ocorre com a criança, jovem ou adulto? O que os professores têm observado quanto ao desempenho leitor da criança?


c) Na família, há registro de dificuldades em leitura, escrita(produção de idéias e organização de idéias no texto) e ortografia? Que outras dificuldades os pais e professores têm observado além das habilidades lingüísticas?


d) Quanto à memória da criança, o que ocorre para memorizar tabuada, dias da semana, os meses dos anos? Apresenta que tipo de dificuldade em compreender o texto lido ou uma informação durante a leitura de um texto por outrem ou em situação de exposição oral?


e) Quanto à escola, que método de leitura foi utilizado durante sua alfabetização? O construtivista ou método fônico(alfabético, por exemplo)? Como ocorreu sua alfabetização? Como aprender a ler? Descreva, em detalhes, as dificuldades observadas durante a fase de alfabetização em leitura.


Apresente ao professor Vicente Martins outras informações que julgar importantes para o pronunciamento ou comentário do caso.


PERFIL PROFISSIONAL


Vicente Martins é professor, há 14 anos, dos Cursos de Letras e Formação de Professores da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral,Estado do Ceará, Brasil. Mestre em educação pela Universidade Federal do Ceará, pós-graduado e graduado em Letras pela Universidade Estadual do Ceará(UECE). Escreve regularmente para as principais revistas e sites educacionais do país.


Aos 44 anos, o professor Vicente Martins dedica-se ao magistério há mais de duas décadas, com experiência no magistério para educação básica e, no magistério de educação superior, com pesquisas acadêmicas nas áreas de dificuldades de aprendizagem de leitura,escrita e ortografia. Na UVA, em Sobral, criou as disciplinas Dislexia, Disgrafia e Disortografia, para a formação de professores na Área de letras, graduação e pós-graduação lato sensu.



ÁREAS DE INTERESSE


O professor Vicente Martins faz pesquisa na área Lingüística (Fonética, Fonologia e Ortografia do Português), Aquisição da linguagem e tem atuação psicopedagógica nas áreas de Leitura (dislexia - dificuldade específica em leitura), Escrita (disgrafia - dificuldade específica em escrita) e Ortografia (disortografia - dificuldade específica em ortografia) nos níveis de educação básica (infantil,fundamental e médio).



SUGESTÕES DE LEITURA
Para os internautas que desejam fazer leitura de artigos (de minha autoria) e de outrem, uma boa dica é o site www.psicopedagogia.com.br. No buscador http://www.google.com.br, com os termos "vicente martins" dislexia, disgrafia e disortogfrafia, o internauta poderá capturar os principais artigos do professor Vicente Martins, publicados na Internet.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

A PRESCRIÇÃO MÉDICA PARA A DISLEXIA




Descrição do caso:


Uma mãe, residente em Florianópolis, diz ter uma filha de 8 anos que está na segunda série, mas que até o momento não consegue ler.
Segundo a mãe, a criança só começou a falar, de uma forma que outras pessoas pudessem entender, depois dos 4 anos.
Até o momento, conforme a mãe, a criança não consegue pronunciar o /r/ e temdificuldades para pronunciar palavras com mais de trêssílabas.
Segundo a mãe, sua filha freqüenta a educação infantil desde os dois anos e meio. Tem um irmão de 12 anos que não apresentou essas dificuldades, sempre teve acesso a um ambiente que privilegiou a leitura.
Também desde os 3 anos a criança, no relato materno, tem atendimento fonoaudiológico e psicopedagógico. Não tem problemas auditivos,neurológicos ou visuais.
Na escola que freqüenta,embora a criança não tenha atingido os objetivos da primeira série, optou-se para que ela fosse para a segunda série porque se verificou que houve avanço no seu aprendizado e pela questão afetiva, ou seja, um bom relacionamento com a turma.
Num exame realizado por fonoaudiólogos, disseram que ela tinha problemas no processamento auditivo central.Estou muito angustiada o que me leva a buscar ajuda eescrever, e peço desculpas por estar ocupando seu tempo.
A mãe diz ter um pouco de medo de rótulos, principalmenteaqueles que estão na moda e atribuem toda dificuldadede aprendizagem ao fato da criança ser DDA, como estão "sugerindo e empurrando" Ritalina.
Acredita a mãe que não seja dificuldade de aprendizagem, mas uma nova forma de aprender, mas ela, como mãe, não consigue enxergar como ajudá-la e as escolas, pelo visto, também não.
Ela me pede sugestões de bibliografias,estratégias para aprendizagem, ou que profissional procuraria.
Observações importantes:
Na maioria dos casos, a dislexia, quando desenvolvimental, não carece de medicamento ou prescrição de médicos.
Em outros casos, as dislexias adquiridas(depois de um AVC) ou aquelas em que os profissionais de saúde julgam necessária a intervenção médica assim determinarão no acompanhamento de seu paciente.
Um olhar clínico vê no disléxico um paciente. Para a escola, sempre um educando.
A prescrição médica é, pois, conjunto de todas as medidas não cirúrgicas (medicamentos, dietas, outros cuidados etc.) determinadas pelo médico para o tratamento de um doente.
Os pais devem saber mais sobre Ritalina - Como não sou médico, mas, apenas, professor de Leitura e suas dificuldades, acho que é dever nosso, como educador, e dos pais, como responsáveis pelos seus filhos, saberem informações sobre a ritalina. Na http://pt.wikipedia.org, existem informações bem interessante sobre a Ritalina.
Destacamos as seguintes:
a) Ritalina é o nome comercial de um remédio para tratamento de TDAH (Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade). A base de metilfenidato, um anfetamínico potente para ação no lóbulo pré-frontal, é usado para tratamento medicamentoso dos casos do Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
b) Pesquisas atuais demonstram que sua utilização é altamente recomendada nos casos em que o tratamento terapêutico e o acompanhamento familiar já foram iniciados. Pois a TDAH é um transtorno metabólico neural, que resulta em comportamentos mal adaptados. A Ritalina pode favorecer a quebra do "círculo vicioso" criado pelo hiperatividade em especial.
c) Como toda medicação, a Ritalina só deve ser usada e dosada por profissional médico especializado neste tipo de transtorno. Por ser uma medicação psicoestimulante, seu uso provocaria uma maior produção e reaproveitamento de neurotransmissores, a exemplo: dopamina e serotonina.
d) Entretanto, há controvésia sobre a produção e reaproveitamento da serotonina pelo cérebro das pessoas portadoras do TDAH. Especialistas no transtorno, atualmente, não crêem que há prejuízo no controle deste neurotransmissor, ao contrário do que ocorre com a noraadreanalina.

e) A ritalina é o metilfenidato, um estimulante do grupo dos anfetamínicos. Suas principais indicações são para o tratamento do défict de atenção com hiperatividade em crianças e depressão no idoso. Existe muito preconceito contra essa medicação, mesmo por parte de médicos. Apesar das substâncias desse grupo serem muitas vezes usadas de forma ilegal por proporcionarem estados alterados de consciência, sua eficácia e segurança médicas quando são usadas corretamente, estão mais do que comprovadas.

f) A dose usada em crianças a partir de seis anos varia entre 2,5 a 5mg por dia inicialmente, que pode ser elevada ao máximo de 60mg por dia. A dose, de acordo com o peso da criança, é de 2mg / Kg de peso. As doses devem ser dadas preferencialmente pela manhã e na hora do almoço, para não prejudicar o sono. Esta medicação é retirada rapidamente de circulação pelo fígado. Quando a finalidade é melhorar o desempenho acadêmico não haverá necessidade de tomar a medicação nos fins de semana e nas férias.
Apesar dessa medicação induzir a dependência nos usuários sem transtorno de hiperatividade, os estudos nessa área mostram que dificilmente uma criança que tenha feito uso prolongado se tornará dependente. Isto é um dado constatado. Os idosos que não toleram os efeitos colaterais dos antidepressivos podem se beneficiar da ritalina. Estudo feito com esta população, mostrou ser uma medicação eficaz com risco de dependência praticamente zero.

g)Não deve ser usado em pacientes em uso de tranilcipromina ou equivalente, em pacientes com arritmias cardíacas, com a síndrome de Tourette, em pacientes psicóticos, com distúrbios de movimentos e com problemas na produção de células sanguíneas. É preferível evitar durante o primeiro trimestre da gestação, apesar de nunca ter sido comunicado efeito deletério no feto.
Dislexia depois de um AVC - .o vascular cerebral, no campo da cardiologia, é uma hemorragia cerebral seguida de perda total ou parcial das funções cerebrais [sigla: AVC]

A DISLEXIA EM ADULTO DE 40 ANOS



Descrição do caso:

Uma senhora de 40 anos me envia, por e-mail, um relato de sua dificuldade em leitura.

Diz ser estudante do 3º período de pedagogia e sempre teve muita dificuldade em cálculos. Mais recentemente, na faculdade em que estuda, fazendo uma disciplina sob o nome de Alfabetização e Letramento, ouviu falar em dislexia e chegou a conclusão, após ler artigo meu sobre a referida doença (sic) que tem esse problema. Será que na minha idade ainda pode haver cura? Será que tenho condição de ser uma professora?
Relate que, infelizmente não teve uma boa alfabetização. Foi alfabetizada na roça, veio para cidade e cursou a segunda série antigo primário numa cidade do interior onde estudei até o segundo ano do Normal (Reriutaba- Ce). Mudei para o Rio de Janeiro, onde, também, cursou o segundo grau (ensino fundamental) por sistema de crédito um ano imeio para poder concluir o curso, sempre com muita dificuldade. Depois de 10 anos, voltou a estudar pedagogia, para ela, um sonho realizado, mas diz estar e tendo muita dificuldade devido a esse problema (M)

Observações importantes:

Utilizamos a expressão latino, no texto, por entendermos que é importamente comentarmos o relato a partir das próprias reais do interessado. Assim, sic é uma palavra (advérbio) que, entre parênteses ou colchetes, se intercala numa citação ou se pospõe a esta para indicar que o texto original está reproduzido exatamente, por errado ou estranho que possa parecer.]

A dislexia não é uma doença - Não consideramos a dislexia uma doença. Por doença, devemos entender, patologicamente, uma alteração biológica do estado de saúde de um ser (homem, animal etc.), manifestada por um conjunto de sintomas perceptíveis ou não; enfermidade, mal, moléstia. O Câncer é uma doença, mas a dislexia é uma síndrome.

A dislexia é uma síndrome - Consideramos, sim, a dislexia como síndrome posto que este termo traz a idéia, ainda que, clinicamente, falando, de um conjunto de sinais e sintomas observáveis em vários processos de dificuldades diferentes e sem causa específica.

A dislexia também não é uma patologia - Com exceção dos casos de dislexia adquirda, advinda de uma AVC ou traumatismo, patologia é, no campo da medicina, qualquer desvio anatômico e/ou fisiológico, em relação à normalidade, que constitua uma doença ou caracterize determinada doença. Ao certo, quando é considerada, por alguns especialistas da saúde como patologia, estes querem se referir a um desvio em relação ao que é próprio ou adequado ou em relação ao que é considerado como o estado normal de uma coisa inanimada ou imaterial.

A dislexia não é desleixo também - Muitos vêem os disléxicos como preguiços ou desleixados. Dislexia não desleixo. Por disleixo, devemos entender falta de cuidado, de atenção, de apuro. Não tem uma causa, a rigor, endógena. Tenho defendido em meus estudos a dislexia como uma dificuldade específica no aprendizado da leitura. Portanto, o fator ambiente escolar é determinante na definição da síndrome disléxica.

Vicente Martins é professor da UVA, em Sobral, CE. E-mail: vicente.martins@uol.com.br













terça-feira, 12 de junho de 2007

A TROCA DE LETRAS E FONEMAS DE L.





















Vicente Martins
Universidade Estadual Vale do Acaraú
E-mail: vicente.martins@uol.com.br



I - RELATO DO CASO DE DISLEXIA

Após ler artigo meu publicado no site http://www.psicopedagia.com.br, recebo e-mail de uma mãe que me solicita orientação para lidar com a dislexia de seu filho de 9 anos.

A mãe diz ter notado que seu filho L., de 9 anos, atualmente cursando a 3ª série apresenta dificuldade de leitura e tende a trocar letras como "b e d" e se confunde com o som de sílabas como "se e es", o que, segundo meu entendimento, enquadra-se em um caso de dislexia pedagógica.

Segundo a mãe, o processo de alfabetização do L. foi deficiente, pois ele não chegou a cursar o pré-primário (educação infantil), passou do 2º período pré-escolar diretamente para a 1ª série do ensino fundamental.

Diz a mãe que embora ele não tenha dificuldade de compreensão e entendimento, apresenta uma leitura difícil e lenta, muitas vezes se perde durante a leitura de uma frase, como se apresentasse uma distração na hora de ler.

A mãe indaga como a família deve proceder para ajudá-lo. "A quem devo recorrer?", indaga a mãe.

II - COMENTÁRIO SOBRE O CASO

O primeiro ponto a considerar, quanto ao contínuo do fluxo ideal da faixa etária, na educação básica, uma criança, aos 9 anos, deve estar na terceira série ou no quarto ano do ensino fundamental, que é o caso de L. Mas, ao chegar ao 4º ano do ensino fundamental, a criança deve ter acesso ao código escrito, especialmente ser hábil na leitura em voz alta e compreender um texto simples.

O fato de L não ter cursado a educação infantil, etapa da educação básica, em especial a pré-escola, não tem, a rigor, implicações para a habilidade leitura. Na educãção infantil, o papel da escola é desenvolver habilidades lingüísticas mais atinentes à linguagem e não à língua, isto é, a estrutura sonora ou grafêmica da língua portuguesa.

E o que a linguagem? A linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar idéias ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais etc. Um grande papel da escola na educação é mostrar as funções da linguagem de forma lúdica, como preparando a criança para o mundo metalingüístico.

Na educação infantil, enfatiza-se a linguagem. No ensino fundamental e no ensino médio, focaliza-se a metalinguagem ( uma linguagem (natural ou formalizada) que serve para descrever ou falar sobre uma outra linguagem, natural ou artificial. Conhecer os fonemas da língua, isto é, vogais, semivoagsie e consoantes é adquirir, pois, um conhecimento metalingüístico, estritamente gramatical.


A troca de letras, na verdade, grafemas, resulta da dificuldade do traçado de algumas letras, especialmente as minúsculas, levando em conta o aspecto caligráfico ou espacial. Segundo a mãe " ele apresenta dificuldade de leitura e tende a trocar letras como "b e d" e se confunde com o som de sílabas como "se e es".

A outra motivação, para troca de letras, refere-se ao aspecto fonológico, o que revela uma dificuldade quanto à sonorização da palavra. O que há por trás de toda a dificuldade é uma dificuldade de percepção visual(grafemas) ou auditiva(fonemas).

Para os que profissionais de educação escolar que vão educar cm as dificuldades de L., antes de tudo, devem atentar para os seguintes conceitos de grafema e fonema:

a) devemos entender por grafema, à luz da Lingüística, a unidade de um sistema de escrita que, na escrita alfabética, corresponde às letras (e tb. a outros sinais distintivos, como o hífen, o til, sinais de pontuação, os números etc.).

b) Fonema, no campo da Lingüística Estrutural, deve ser entendido como unidade sonora da fala ou som da fala ou, mais precisamente, uma unidade mínima das línguas naturais no nível fonêmico, com valor distintivo (distingue morfemas ou palavras com significados diferentes), porém ele próprio não possui significado. Em português as palavras faca e vaca distinguem-se apenas pelos primeiros fonemas/f/ e/v/.

Ainda sobre fonema, não não se pode confundir os fonemas inteiramente com as letras dos alfabetos, porque estas freqüentemente apresentam imperfeições e não são uma representação exata do inventário de fonemas de uma língua.


Vicente Martins é professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral, estado do Ceará. E-mail: vicente.martins@uol.com.br